lunes, 9 de mayo de 2011

BOLÍVIA ESTABELECE OS DIREITOS DA NATUREZA


Nos últimos tempos tenho alimentado uma rejeição cada vez mais pelos defensores radiacais da liberdade. A liberdade é um conceito importantíssimo, sempre que limitado pela responsabilidade que devemos ter como seres humanos.

Um dos debates mais omitidos e/ou deturpados hoje em dia é o da liberdade do homem de por fogo no mundo em nome do conforto e da sociedade de consumo. Evidentemente, já não há como contra argumentar a favor dessa liberdade diante das consequências que ela traz ao mundo em que vivemos.

Não faltam civilizados “pensadores” dos países do norte, estadunidenses, alguns europeus, todos vivendo no bem bom e sem nenhuma vontade de abandonar seus luxos em nome de um planeta mais sustentável. Qualquer editorial do New York Times ao The Guardian, passando por todos os jornais patrocinados por grandes empresas, coleciona elogios rasgados aos medíocres avanços conquistados nas conferências sobre o Aquecimento Global, e encontra eco fácil na elitista imprensa brasileira e em organizações “defensoras da liberdade de imprensa” como o Instituto Millenium (ênfase para as aspas).

Pois coube aos humilhados bolivianos, cujo presidente indígena é tratado como ignorante e semi selvagem por esses mesmos pensadores, uma singular e inédita atitude de respeito à terra que, fosse esse um mundo sério, seria aplaudida de forma quase unânime: o estabelecimento legal dos DIREITOS DA NATUREZA.

São 11 direitos básicos concedidos à natureza, que automaticamente se convergem em deveres humanos. Entre os principais direitos estabelecidos na Bolívia, estão:

  • o direito de todas as espécies à vida e à existência;
  • o direito a manter ciclos vitais e processos livres da alteração humana;
  • o direito ao ar limpo e à água pura;
  • o direito à não contaminação;
  • o direito ao equilíbrio do ecossistema;
  • o direito a manter sua estrutura celular sem alterações genéticas
  • o direito à prioridade diante de projetos realizados pelo homem
O último dos direitos da natureza acima citados é sem dúvida o mais importante, pois estabelece que em caso de que os projetos realizados pelo homem afetem o ecossistema e as comunidades locais onde se pretende realizá-los, o dever do Estado é não permitir que ele se concretize, ou interrompê-lo caso ele já esteja em andamento e desrespeitando essa norma e/ou algum dos demais direitos da natureza.

É uma bobagem retórica? Talvez seja, e seria importante se alguma imprensa verdadeiramente responsável pudesse fiscalizar a aplicação dessas leis na Bolívia, ver se são só belas palavras tornadas oficiais mas sem poder legal ou se de fato são leis que serão cumpridas e protegerão o ecossistema boliviano da ignorante obsessão humana pelo progresso desenfreado. E se é verdade? Já imaginou? E se dá certo? Seria um bom exemplo, e argumento necessário para se exigir leis como essa aos governos de países ditos civilizados?

A iniciativa em si é excelente e deve ser elogiada, mas sobretudo cobrada do governo boliviano. Do sucesso da aplicação dessas leis poderia surgir um incremento significativo das esperanças de milhões de pessoas que ainda acreditam que esse planeta tem salvação.

Fonte: El Portal del Cerro (Uruguay)

Clique AQUI para ver a matéria na íntegra

No hay comentarios:

Publicar un comentario